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As Igrejas e as Missões

Por   /  2 de março de 2021  /  Sem comentários

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O investimento pesado que muitos líderes de igrejas e ministérios tem feito em estrutura física (suntuosos templos, centros administrativos, etc.) é um visí­vel afastamento da Igreja da razão maior de sua existência, que é de anunciar o Evangelho aos povos? Por que muitas igrejas investem tão pouco em Missões e “rios de dinheiro” para o hem estar de seu público interno?

Para sabermos a importância de Missões como projeto e serviço da Igreja precisamos buscar apoio da Palavra de Deus que convoca e comissiona a igreja para o serviço de evangelização e missão. O apóstolo Pedro aprendeu com Cristo sobre qual era o papel da Igreja na terra e disse que fomos chamados para que anunciemos as virtudes daquele que nos chamou (1Pe 2.9). Mateus e Marcos, simul­taneamente repetiram o que Jesus disse: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém”.

Marcos repetiu a comissão, com as palavras de Jesus: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evange­lho a toda criatura” (Mc 16.15). Esses textos apresentam a Igreja como povo especial com uma dupla missão: de programadores e de educadores, ou seja, “ir e ensinar”. Teologia e evan­gelização andam juntas. Uma atitude de indiferença para com a teologia seria o principio de uma queda vertiginosa que terminaria no colapso da  igreja como instituição religiosa e como comunidade profética, porque a teologia é a espinha dorsal da Igreja. A Igreja entender sua mensagem para poder ser verdadeiramente a Igreja. Ora a Igreja deve ser encarnação do Evangelho que prega. Como igreja, precisamos entender a sua finalidade na terra, a sua razão de ser. “Ser e fazer” estão implícitos na grande Comissão para a Igreja, por isso, ela precisa ter a consciência do seu papel de “povo anunciante” (lPe 2.9,10). A teologia é a verdade redentora de Deus e ela se caracteriza pelo seu kerigma, que implica no ato de proclamar o Evangelho que recebemos de Cristo.

A essência quadriforme da missão da igreja para evangelizar e fazer missões é: “ir, fazer discípulos, batizar e ensinar”. Após a experiência do Pentecostes (Atos 2) essa quadriforme missão da Igreja se efetivou, quando os cristãos do primeiro século da Era Cristã foram motivados pela obediência a Grande Comis­são de Jesus, organizando e planejando a missão da evangelização numa dimensão de alcance missionário, conforme Atos 1.8: “Jerusalém” – a evangelização urbana e local; “toda a Judéia” -a evangelização fora de Jerusalém, em toda a província; “Samaria” – indicando uma evangelizavam transcultural; “até os confins da terra” – a evangelização missionária em todas as nações do mundo.

O investimento equivocado – Por que equivocado? Porque quando uma igreja local se concentra apenas nas atividades locais, ela perde a visão do seu papel missionário. Não há nada de errado em construir lin­dos templos, e realizar grandes obras sociais, mas os templos deveriam ser vistos como lugar de comunhão, de adestramento evangelístico, de fortalecimento na fé, sem esquecer que tudo quanto façamos dentro de nossos templos deveria objetivar a evangelização dos pecadores. A igreja não pode ser tratada como se fosse um clube social ou uma mera entidade social no contexto da sociedade urbana. Há igrejas nas quais entra tanto dinheiro que a liderança não sabe o que fazer com o mesmo. Então, acabam investindo equivocadamente em coisas que pouco contribuem para o crescimento social, material e espiritual dos crentes. Imagine uma igreja utilizar seu dinheiro em dependências do templo para atividades que nada têm a ver com a vida eclesiástica. Investir em Missões implica na responsabilidade de convencer a igreja local nas contribuições, de forma a que, tudo quanto for necessário para as atividades missionárias, no campo nacional ou no estrangeiro, seja transparente. Enviar missionário com salário de fome para o exterior, onde tudo é difícil para o mis­sionário e sua família, é um modo errado de fazer Missões. O grande problema está na administração do dinheiro da igreja para as causas importantes da sua vida. Uma delas é o envio de missionários. Toda igreja deve ter em sua administração um corpo diretor para dirigir a sua vida material. O papel do pastor em relação às finanças da igreja é administrar através dos tesoureiros, isto é, ele não deve manejar as finanças da igreja. Para que haja equilíbrio nas finanças deve haver na igreja um planejamento mensal e anual que deem condições de aplicar o dinheiro que entra na receita da igreja nas suas despesas básicas, como o sustento de seus pastores, dando-lhes dignidade e conforto, mas sem exagero. Um pastor não deve ser mercenário, que trabalha apenas pelo dinheiro que ganha. Um pastor precisa ter temor de Deus em seu coração e não colocar o coração no dinheiro da igreja que é santificado para o sustento da obra de Deus. Investir em Missões cumpre o papel essencial da existência da Igreja na terra.

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ELIENAI CABRAL, REVISTA “OBREIRO” ANO 38 – N° 76

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