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Cabala e a Bíblia

Por   /  21 de outubro de 2020  /  Sem comentários

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O poder da propaganda é algo indiscutível. Quando se deu notícia em nossos dias da publicação do livro O Códi­go da Bíblia, do autor Michael Drosnin e do matemático Eliyahu Rips, informan­do que havia uma linguagem em códi­go nos livros da Lei, conhecido como o Pentateuco (Torah), o mundo religioso que lê a Bíblia ficou estupefato. É que as notícias espalhadas diziam que os cinco primeiros livros da Bíblia conti­nham uma série de profecias codifica­das que revelavam o futuro do mundo.

Qualquer pessoa que investigue a história da Igreja verá que esse tipo de interpretação ocultista da Bíblia já exis­tiu antes. Uma delas é a Cabala. Afir­ma-se que a etimologia da palavra Ca­bala é formada do prefixo KAB, que em língua semital significa “osso de calcanhar”, e do sufixo ALÁ, que signi­fica Deus (A Maçonaria e o Litro Sa­grado, pág. 93). Com isso, se dá o sen­tido de “a estrutura óssea”, a “carcaça do conhecimento divino”.

Os cabalistas explicam a origem da cabala dizendo que Enoque (Gn 5.21-24) ensinou ao patriarca Abraão uma doutrina oculta, que este transmi­tiu oralmente aos seus filhos e netos. Posteriormente, Moisés redigiu por es­crito esses ensinamentos no livro da Lei ou Pentateuco. Ainda segundo os cabalistas, Moisés previu que a sua mensagem, pura como era, não se conservaria nas mãos do povo, que pere­grinava pelo deserto, e tencionou evi­tar falsas interpretações, confiando as chaves do entendimento de seus escri­tos a homens seguros, de fidelidade comprovada, entregando-lhes de viva voz os esclarecimentos necessários para uma autêntica compreensão da Torá.

Os discípulos de Moisés teriam confiado esses ensinamentos secretos a outros homens, que os passaram adi­ante. Para se conservar inalterado o tex­to sagrado, os profetas ditaram normas aos leitores e copistas, normas essas de­rivadas do esoterismo de Israel e que hoje se chamam Massorah. Esta, junta­mente com outras tradições secretas (Michná, Gernará, Targum), constitui a chamada “Cabala judaica” (Crenças, religiões, igrejas & seitas – quem são? pág. 163).

Os fundadores da Cabala tratam cada letra, número e acento do livro da Lei conhecido como Torá ou Pentateuco como se fossem um có­digo secreto contendo alguma pro­fecia ou significado profundo, mas oculto, colocado lá por Deus com algum propósito. O ponto central está em desvendar os segredos da mara­vilha e da majestade de Deus e sua criação divina. Dizem que esse códi­go secreto contém um mistério que só pode ser descoberto pelos inicia­dos em Artes Iniciáticas. Abrange o hermetismo, cromoterapia. numerologia, astrologia, magia, angelologia, comunicação com espí­ritos dos mortos, o curandeirismo etc.

Duas obras importantes que sur­giram na Babilônia estimulam os cabalistas. São elas o Sefer Yetzirab (o Livro da Formação), um estudo sobre os poderes criativos das letras e dos números; e o Shiur Komah (a Medida de Altura), uma obra antropomórfica sobre as dimensões da deidade. O maior texto da Cabala, que contém a maior parte da tradição, é Sefer Hazohar (o Livro do Esplendor), escrito por Simeão Ben Jochai supostamente “sob ordem vinda do Alto”.

Doutrinas

A Cabala pode ser teórica ou prá­tica. A teórica ensina algo sobre o mis­tério da divindade. Ela declara que o propósito da Cabala aparentemente é ler a mente divina e assim tornar-se unitário com Deus. Abrange também a criação e a queda dos anjos, a ori­gem do mundo em sete dias, a criação e a queda do homem, e os caminhos para a restauração, adotando para isso a reencarnação.

A Cabala prática ou mágica é con­servada em manuscritos, as Clavículas de Salomão. Procura orientar o com­portamento do homem, observando símbolos sagrados, especialmente as letras hebraicas, às quais são atribuí­dos valores numéricos e quantitativos. Em consequência, foram criados bara­lhos ou séries de cartas, portadores de imagens simbólicas e números. Essas cartas, tiradas segundo certas regras, devem definir o caráter e o comportamento das pessoas interessadas. O mais importante de tais baralhos é o tarô, que consta de 22 símbolos (Arcanos Maiores). Ele usa amuletos, formas de adivinhação etc (Crenças, religiões, igrejas & seitas: quem são?, pág. 164).

Ligações com a Cabala

O livro A Maçonaria e o Livro Sa­grado revela a identidade da Maçonaria com a Cabala, dizendo: “A Maçonaria está eivada de aplicações numéricas, quer nos graus simbólicos, quer nos filosófi­cos”.

Mas a Cabala não tem apenas liga­ção íntima com a Maçonaria. Há tam­bém ligações com alguns grupos cris­tãos. Devido ao relacionamento entre o judaísmo e o cristianismo, muitos líde­res e eruditos cristãos deixaram-se influ­enciar pela Cabala. Isso ocorreu durante a Idade Média. Dizem os cabalísticos que os livros de Ezequiel, Daniel e Apoca­lipse são puramente alegóricos e cabalistas.

Posição bíblica

Analisando alguns dos ensinos e práticas da Cabala à luz da Bíblia, apresentamos as seguintes contestações.

1) A Cabala ensina que cada livro da Lei contém um mistério que só pode ser descoberto pelos iniciados. Esse mistério é tido em posição su­perior à Bíblia e os cabalistas declaram que a Bíblia é um li­vro incompreensível sem a Ca­bala.

Paulo alerta para os sub­terfúgios de certos líderes reli­giosos dizendo: “Tende cuida­do, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofi­as e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo”, Cl 2.8.

Apóstolo Paulo declara ainda que os homens pela sua inteligência não conseguiram conhecer a Deus, e por isso aprouve a Deus salvar os cren­tes (Tela loucura da pregação do Evangelho: “Porque a palavra da cruz é loucura para os que pere­cem; mas para nós, que somos sal­vos, é o poder de Deus. Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábi­os, e aniquilarei a inteligência dos inteli­gentes”. 1Co 1.18-19.

2) A Cabala tem como propósito central conhecer ou ler a mente divina procurando tomar o homem um com Deus, isto é, o homem fazendo parte da divindade. Em linguagem atual, esse propósito de integrar-se à divindade é conhecido como Panteísmo (tudo é Deus).

A Bíblia declara que Deus é único diante da sua criação e que entre Deus e o homem há uma distância incomensurável. O rei Herodes foi enaltecido pela bajulação do povo e aceitou que sua voz era como a voz de Deus. O resultado é que foi comido por vermes (At 12.21-23)

3) A Cabala procura a restauração do homem e sua integração à divindade pela reencarnação. Para isso, é preciso estudar a Bíblia dentro das normas cabalísticas.

Tal modo de ensinar é reprovado pela Bíblia. Ela ensina não a reencarnação, mas a ressurreição de todos no Juízo Final (Jo 5.28-29). Dentro do plano divi­no para a salvação do homem está a dádiva do seu Filho Jesus Cristo para propiciação pelos nossos pecados. “Meus filhinhos, estas coi­sas vos escrevo para que não pequeis, e, se alguém pecar, te­mos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E Ele é a propiciação pelos nossos pe­cados, e não somente pelos nos­sos, mas também pelos de todo o mundo”. 1Jo 2.1-2.

Adotar a reencarnação para progresso espiritual do homem é contar com o impos­sível. Só passamos por esta vida uma vez. É o que diz a Bíblia: “E, como aos homens está or­denado morrerem uma vez, vin­do depois disso o juízo”, Hb 9.27.

4) Ensina a Cabala prática o uso de baralhos, adivinhações para conhecer o futuro de cada pessoa e traçar caminhos para o seu bom relacionamento fa­miliar e social. Mas a Bíblia mostra que o problema do ho­mem é o pecado (Rm 5.12). Qualquer busca de conheci­mento por meios ocultistas está fora dos desígnios de Deus. Coi­sas reveladas pertencem a nós. As encobertas pertencem a Deus. “Ama­do, não sigas o mal, mas o bem. Quem faz o bem é de Deus; mas quem faz o mal não tem visto a Deus”, 3Jo 11.

“Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmu­ram entre dentes; – Não recorrerá um povo ao seu Deus? A favor dos vivos interrogar-se-ão os mortos? À Lei e ao Testemunho! Se eles não falarem segun­do esta palavra, nunca verão a alva”. Is 8.19-20.

Pr. NATANAEL RINALDI

FONTE: REVISTA “RESPOSTA FIEL” ANO 4 N° 12

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