No Terceiro Catecismo da Doutrina Cristã encontra-se a pergunta 793 e a respectiva resposta da seguinte forma: “Que é a indulgência?” R – indulgência é a remissão da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa, remissão que a Igreja concede fora do sacramento da penitência”. Isso significa que quando alguém se confessa, o sacerdote ouve a sua confissão, recomenda certas penitências, pronuncia sua absolvição da culpa moral, mas lembra-lhe que a despeito do que foi feito, a expiação completa dos pecados requererá um certo tempo de sofrimento no purgatório. Purgatório é o nome de um lugar de punição temporária onde certos pecados são purgados pelo sofrimento. A Igreja Católica arroga-se o direito de poder conceder indulgências. Assim, na pergunta e resposta 794 lemos: “De quem recebeu a Igreja o poder de conceder indulgências? R – Foi de Jesus Cristo que a Igreja recebeu o poder de conceder indulgências”. Lemos mais: “De que maneira nos perdoa a Igreja a pena temporal por meio de indulgências? R – A Igreja perdoa a pena temporal por meio das indulgências, aplicando-nos as satisfações superabundantes de Jesus Cristo, da Santíssima Virgem e dos Cantos, as quais formam o que se chama o tesouro da Igreja”. Lemos mais, no referido catecismo, que as indulgências são de duas espécies: plenária e parcial. A indulgência plenária é a que perdoa toda a pena temporal devida pelos pecados da pessoa enquanto viva, e quando morre vai direto para o céu, inteiramente isenta das penas do purgatório. Já a indulgência parcial só apaga parte de pena temporal devida pelos pecados, ficando a pessoa na obrigação de passar um tempo no purgatório para purgar o restante dos seus pecados.
Esse ensino da Igreja Católica sobre indulgências foi instituído como dogma no ano de 1.190 pelo Papa Leão X. Naquela ocasião estava em construção a Catedral de São Pedro em Roma, e vários padres saíram pelo mundo para angariar fundos. As indulgências plenárias ou parciais eram vendidas por preços vultosos, com a promessa para os adquirentes de que no caso de indulgências plenárias poderiam escapar das chamas do purgatório, indo diretamente para o céu. Tal ensino errôneo levou Martinho Lutero a se afastar gradativamente de Roma, até que em 31 de outubro de 1517 afixou ele, na porta da Catedral de Westminster, 95 teses discordantes da Igreja Católica, em confronto com os ensinos bíblicos. Na verdade, a venda de indulgências ficou caracterizada na história como o pecado de simonia, vocábulo este derivado do nome Simão. Informa o livro de Atos que Filipe, o evangelista, descera à cidade de Samaria e pregava a palavra de Deus naquela cidade, havendo Deus realizado grandes sinais e prodígios por meio do seu servo. Dentre os convertidos havia um chamado Simão, o mágico, homem de muita influência na cidade devido às mágicas que fazia. O próprio Simão creu e tornou-se companheiro de Filipe, ficando perplexo com os sinais que Filipe realizava.
A Igreja de Jerusalém ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, mandou os apóstolos Pedro e João ajudar Filipe na atividade evangelística por ele realizada, orando pelos convertidos para que recebessem o Espírito Santo. E, pela imposição das mãos de Pedro e João, os samaritanos receberam o batismo com o Espírito Santo. Essa manifestação de poder despertou a cobiça de Simão, que ofereceu dinheiro aos apóstolos para ter o mesmo poder (Atos 8.19). Queria ele comprar os dons de Deus por dinheiro. A resposta de Pedro foi pronta e categórica: “O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Tu não tens parte nem nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus. Arrepende-te, pois, dessa tua iniquidade e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração” (Atos 8.20-22).
Mas o que diz a Bíblia sobre o purgatório e sobre as indulgências? Em primeiro lugar, afirmamos que aquela pessoa que sinceramente tem confiado em Cristo Jesus para sua salvação, estará com Cristo imediatamente no céu após a morte. É o que lemos em 2Coríntios 5.6-8: “Pelo que estamos sempre de bom Ânimo, sabendo que, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor, porque andamos por fé, e não por vista, mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo para habitar com o Senhor”. Também em Filipenses 1.21-23 Paulo declara: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho, mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher. Mas em ambos os lados estou em aperto, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor”. Os que rejeitam a Cristo nesta vida, ao morrer vão ao Hades, que nas palavras de Jesus em Lucas 16.22-24 é um lugar de tormento consciente: “…e morreu também o rico, e foi sepultado. E no hades, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio. E clamando disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lazaro que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama”.
Mas o ensino das indulgências é ainda pior que o ensino do purgatório, porque diminui o valor do sacrifício de Cristo no Calvário. Lemos ainda no Catecismo a pergunta e resposta 801: “Em que apreço devemos ter as indulgências? R – Devemos ter as indulgências em muito grande apreço, porque com elas se satisfaz a justiça de Deus, e mais depressa e mais facilmente se alcança a posse do céu”. Não, não é verdade bíblica tal afirmação enfática sobre o valor das indulgências. A justiça divina foi satisfeita plenamente com a morte e ressurreição de Jesus. É o que lemos em Romanos 5.1: “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo”. Tal é a eficácia do sangue de Jesus derramado no Calvário em favor das nossas almas, que João assim declara na sua primeira epístola, capítulo 1.9: “Se confessarmos os nossos pecados ele é fiei e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça”. Cristo pagou o preço total da nossa redenção, sem que nada mais seja necessário nós também pagarmos, com dinheiro, orações, penitências etc. Lemos em 1Pedro 1.18-19: “Sabemos que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado”.
Mesmo diante da clareza da Bíblia, em refutar a doutrina do purgatório e das indulgêncis, apela a Igreja Católica para o texto de Mateus 5.25-26, onde Jesus recomenda reconciliar-se com os inimigos, ou não sair da prisão até pagar o último centavo. A prisão mencionada nessa passagem seria o purgatório, do qual não sairiam as pessoas até pagarem o último centavo ou valor para sua saída desse lugar de sofrimento. Mas o texto e o contexto mostram que Jesus apenas falou do pagamento das dívidas materiais. Segundo a legislação daquela época, mantida por muitos séculos em quase todos os países, até no Brasil, o credor podia mandar prender o devedor insolvente. Geralmente os parentes e amigos do preso pagavam o que ele devia, e assim lhe devolviam a liberdade perdida. Se ninguém efetuasse o pagamento, ele podia ser vendido como escravo, e o credor pagava-se com o preço da venda. Jesus, para evitar dissabores do devedor e os excessos do credor, recomendou a solução ideal, o acordo. Jesus pois não falou da vida o além, nem das dívidas do homem para com Deus, só falou das dívidas terrenas. A vida futura é mais simples e radical. Consiste no céu para os crentes, e no inferno para todos que não querem receber a Cristo como Salvador e Senhor.
Aceita a Jesus hoje, como teu Salvador e Senhor, e terá já a certeza do céu, porque o “sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado” (1João 1.7). Amém!
Pr. Natanael Rinaldi