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O Que Há Por Trás Do Código Da Vinci?

Por   /  16 de maio de 2014  /  Sem comentários

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INTRODUÇÃO

“Todas as descrições de obras de arte, arquitetura, documentos e rituais secretos neste romance correspondem rigorosamente à realidade.” (grifo do autor)
É assim que somos apresentados à famosa obra de Dan Brown – O Código Da Vinci .
A solene declaração ocorre antes mesmo do prólogo deste bem-sucedido romance policial para reivindicar uma espécie de incontestável autoridade histórica. A partir daí, o leitor iniciará uma intrigante jornada por um mundo repleto de conspirações, fanatismo religioso, assassinato; códigos e sociedades absolutamente secretos, além de documentos históricos escondidos desde os primórdios do cristianismo. Com este enredo, o ex-professor de inglês da Philips Exeter Academy, de New Hampshire – produziu um best-seller que já vendeu 25 milhões de exemplares em todo o mundo – quinhentos mil – somente no Brasil.
A imprensa espanhola, divulgou que O Código permaneceu durante, nada menos que oito meses em primeiro lugar no ranking de vendas daquele país. Nos Estados Unidos, o The New York Times deu ao romance mais lido da atualidade, o primeiro lugar da lista – por cerca de quarenta e cinco semanas, com aproximadamente, seis milhões de cópias.
Devido ao dinamismo da trama, as personagens de Brown transitam por vários e conhecidos pontos turísticos – sobretudo da França; o que, previsivelmente, acabou reacendendo o interesse por estas localidades que hoje recebem milhares de novos visitantes, ávidos por vivenciarem a saga de Langdon, Sophie e Teabing. A jornalista Daniela Fernandes, correspondente da BBC Brasil em Paris, fala deste fenômeno : “Uma das modas na cidade é visitar os lugares mencionados no livro do norte-americano Dan Brown. Algumas agências oferecem passeios no Louvre e em outros locais descritos em O Código Da Vinci por 110 euros (cerca de R$ 400,00).”

Entretanto, o sucesso desta envolvente ficção, parece ter nascido das perniciosas alegações que ela faz contra a fé cristã, já que :

• A confiabilidade e a historicidade da Bíblia são questionadas;
• A verdadeira natureza de Jesus Cristo é contestada;
• A origem e desenvolvimento do Cristianismo são repensados;
• Os atos de seus primeiros líderes são desonestamente reinterpretados.

Diante deste quadro, é necessário que estabeleçamos – de maneira inequívoca – a diferença entre a realidade histórica e a realidade virtual.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO……………………………………… 2
INVESTIGANDO OS FATOS………………… 3
SÍMBOLOS ANTIGOS………………………… 3
GNOSTICISMO, EVANGELHOS ANTIGOS E A BÍBLIA……………………………………….. 6
JESUS, MARIA MADALENA E O SANTO GRAAL…………………………. 7
O TRIUNFO DA VERDADE………………………………… 9
CONCLUSÃO………………………………… 13
BIBLIOGRAFIA……………………………..14

INVESTIGANDO OS FATOS

Tão imerso em erros é o Código Da Vinci, que o leitor culto realmente aplaude as raras ocasiões em que Brown tropeça (a despeito dele mesmo) na verdade.”

Sandra Miesel, “Dismantling The Da Vinci Code”, Crisis Magazine, 1º./9/2003
(www.crisismagazine.com/september2003/feature1.htm)

O Romance de Brown – apesar de refletir grande capacidade criativa, contém diversas imprecisões.

1.Exemplos disso são informações tais como a da pirâmide localizada fora do Museu do Louvre , que segundo o autor, “é construída com exatamente 666 placas de vidro” (p.21). Não obstante, de acordo com o site oficial do Museu, a pirâmide “é coberta por 673 placas de vidro lapidadas em forma de diamante” (www.louvre.or.jp./louvre/presse/en/activities/archives/anniv.htm).

2.Além disso, o Código afirma que os gregos basearam suas Olimpíadas em um ciclo de oito anos como um tributo ao Planeta Vênus, o qual, segundo a obra, representava uma deusa (p.36), quando, na verdade, o evento se dava a cada quatro anos, e em honra ao deus grego Zeus.

Tais equívocos ilustram perfeitamente a imprecisão dos dados ali apresentados e revelam um lado que a maior parte de seu público precisa conhecer. Brown aprecia conspirações – fato corroborado pelo enredo de seus romances anteriores; Fortaleza Digital (Digital Fortrees 2000) revela uma conspiração ligada ao código secreto da National Security Agency (Agência de Segurança Nacional Americana); Anjos e Demônios (Angels and Demons 2001 ) versa sobre outra conspiração, envolvendo os vergonhosos Iluminatti. Uma nova conspiração encontra-se em Deception Point (2002), onde a NASA torna-se o centro da trama. No próximo livro do autor, o tema se repetirá – dessa vez, envolvendo a maçonaria.

SÍMBOLOS ANTIGOS

Apesar de definir-se como um “cético” antes de um obcecado por conspirações, ainda assim, Brown continua a semear um sem número de falsas informações, já que – dificilmente – alguém aquilatará a procedência ou legitimidade dos “fatos” por ele apresentados. Dessa forma, o escritor abusa da credulidade de seus leitores valendo-se de artifícios como o da apresentação de “autoridades”, bem como de expressões que supostamente as definem: “historiadores religiosos”, “historiadores de arte” , “acadêmicos”, etc. Terminologias científicas, tais como “evidências bem documentadas” e “evidências históricas” são levianamente empregadas a fim de convencer os incautos.
Graças a estratagemas como estes, Brown, faz afirmações supostamente históricas e interpretações completamente espúrias.Tais como algumas que apresentaremos:

3. “Simbolismo pagão. Ele está ‘oculto’ na Catedral de Chartres, em Paris” (CDV p. 7)

A VERDADE : Não há absolutamente nada de “oculto” nos símbolos adotados pela catedral. Pelo contrário: A Igreja usou livremente estes símbolos com a intenção de atrair pagãos, chegando até mesmo a conferir a estes, significados cristãos para que as pessoas, ao chegarem no templo, pudessem familiarizar-se com a mensagem cristã. O labirinto – característica notória daquela catedral, e que ficava do lado de fora da mesma, foi transferido para dentro para que o infiel ali se detivesse e ouvisse o evangelho.

O Pentagrama: Este símbolo, uma estrela de cinco pontas dentro de um círculo, representa, segundo Brown representa “o lado feminino de todas as coisas – (…), o sagrado feminino ou a divina deusa… Em sua mais específica interpretação, o pentagrama simboliza Vênus – a deusa do amor sexual feminino e da beleza.” (CDV p. 36)

A VERDADE : O Pentagrama (chamado de “pentágono” quando desenhado no interior de um círculo) não possui uma interpretação específica. Parece não haver uma única tradição relativa aos seus significados e uso. E em muitos contextos parecem ser meramente decorativos. A única certeza histórica aponta para astrologia antiga (c.a. de 3000 a 2500 a.C ). O pentagrama já representou Júpiter, Mercúrio, Marte, Saturno e Vênus – todos juntos – e não apenas Vênus. A relação dessa figura com o “amor sexual feminino” é extremamente tênue, e Vênus era tida como a deusa do sexo, fertilidade e amor.
O Pentagrama, contudo, pode remontar, inclusive, á época de Pitágoras – o famoso matemático grego (aprox. 570-95 a.C.). Ele e seus seguidores costumavam equipará-lo à palavra grega “saúde”. Atualmente, o pentagrama é usado mais pelos neopagãos para indicar a prioridade da espiritualidade sobre o materialismo e simboliza, usualmente, a Terra, e não Vênus. Também os satanistas o utilizam, mas eles o desenham de cabeça para baixo.

O Domingo: “O dia da semana sagrado do cristianismo foi roubado dos pagãos. O Cristianismo honrava o sabá judeu, no sábado, mas Constantino o transferiu para coincidir com o dia da veneração ao Sol dos pagãos”.
(CDV p.p. 232-233)

A VERDADE : A adoção do domingo como dia de culto pelos cristãos deu-se durante o reinado do Imperador Romano Trajano (98-117), que declarara ilegal a reunião cristã no sábado – o sabá. Todavia, a observância do domingo como “o dia do Senhor” começou a vigorar desde muito cedo entre os cristãos (At. 20:7/ 1 Cor. 16:2). A admissão do domingo na adoração cristã foi rápida, haja visto ter sido o dia da ressurreição do Senhor Jesus, de suas aparições pós-ressurreição e da descida do Espírito Santo (Mt. 28:1/Jo. 20:26/At. 2:1).

As referências ao domingo como o dia do Senhor – indubitavelmente – antecedem o Imperador Constantino, retrocedendo à época de Justino Mártir (entre 100 – 165 a.D.) e de Melito de Sardis (final dos anos 100 a.D). A distinção entre o sabá judaico e o domingo cristão foi cuidadosamente registrada por Inácio – pai da Igreja (morto por volta de 110 a.D), que esclareceu em sua Epístola aos Magnesianos que o domingo representava uma “nova esperança” para os salvos, que deveriam – inclusive – torná-lo festivo. Um “sabá cristão” não existiu, senão por volta do século XII; o que significa que Constantino não poderia simplesmente tê-lo “transferido” para o domingo. No entanto, ele proclamou em 321 a.D. que deveria haver descanso no “venerável dia do Sol”. Esse ato impedia a perturbação e profanação públicas, de forma que os cristãos pudessem cultuar normalmente.

Uma divindade masculina e feminina? O que seria o “ritual da cópula”?
“Uma tradição primitiva judaica envolvia sexo ritualístico. Dentro do Templo, não menos. Judeus primitivos acreditavam que o Santo dos Santos do Templo de Salomão não só abrigava Deus, mas também a Sua poderosa igual feminina, Shekinah.” (CDV p. 309)

A VERDADE: Blasfema ! Uma afirmação deste tipo e gravidade só pode receber esta classificação! A esta altura, Dan Brown revela – além de irreverência, uma profunda ignorância acerca da cultura e religião judaicas, pois, simplesmente inexistem registros históricos – e tampouco bíblicos – que respaldem tamanha agressão à Santidade do Deus Vivo. A análise de Brown deve referir-se àqueles esporádicos períodos de infidelidade israelita, nos quais, em flagrante desobediência à Lei de Moisés, os judeus erigiam altares pagãos em diversas localidades de seu território. Tais atos, contudo, jamais constituíram uma “tradição judaica.” Na realidade, os referidos altares foram foram reiteradamente destruídos por vários reis e profetas de Israel (Juízes 6:25,26,28,30).

Ou talvez O Código refira-se aos períodos em que o templo encontrava-se contaminado pela prostituição religiosa – como por volta de 900 a.C. e em meados de 600 a.C.. De qualquer maneira, Deus veementemente condenou esta prática abominável (2 Re.23:7/ Deut. 23:17-18), tão típica das antigas religiões de fertilidade cananita. Os justos reis de Judá, como Asa e Josias, esforçaram-se para erradicar o sexo ritualístico do Templo (1 Re. 15:12).

Com relação a Shekinah – é necessário esclarecer que não se trata do nome de uma deusa e sim, o resultado da aglutinação de palavras hebraicas, que ligadas, significam “habitação”. Uma forma semelhante, “Shecaniah”, é encontrada em 1 Crônicas 3:21 e refere-se à “presença” ou “habitação de Javé”. Tratava-se de uma manifestação Divina, inconfundível e majestosa no interior do Templo e que, entretanto, não podia ser entendida de forma literal, pois mesmo os céus não poderiam contê-lo (1 Re.8:27).

GNOSTICISMO, EVANGELHOS ANTIGOS E A BÍBLIA
“ O Código Da Vinci virou completamente de cabeça para baixo a minha opinião sobre a Bíblia e a Igreja Católica.”
(Um fã de O Código Da Vinci, <amazon.com>, conforme citado no The Washington Post)

Em 1945, no Egito, mais precisamente numa localidade desértica conhecida como Nag Hammadi, um camponês – chamado Muhammed Ali (não o pugilista) – escavava numa caverna a procura de fertilizantes , quando deparou-se com um jarro de cerâmica vermelha. O artefato continha treze rolos de papiro, envoltos em couro e escritos em copta . Alguns encontravam-se queimados e outros estragados; no entanto, a maior parte estava intacta apesar do longo tempo em que estiveram sepultados ali.

Estima-se os documentos encontrados datem de 150 d.C. ao século IV ou V. São quarenta e cinco textos e apenas cinco podem ser chamados de Evangelhos : Verdade, Tomás, Filipe, Pedro e Maria. Os chamados Evangelhos Gnósticos constituem a principal base teórica do livro de Dan Brown e oferecem uma descrição de Cristo, completamente diferente daquela que conhecemos através da Bíblia.

Os Gnósticos eram um grupo de pensadores profundamente influenciados por Platão e discordavam entre si acerca de diversos assuntos, o que torna difícil resumir suas crenças de modo objetivo. Basta-nos esclarecer que a maioria negava a idéia de um Deus tornando-se carne, já que a matéria era tida como algo intrinsecamente mau e, isto posto, Deus jamais poderia transformar-se num homem. Discutiam exaustivamente a origem do mal e seu relacionamento com a criação e afirmavam que o maior problema da humanidade não era o pecado e, sim a necessidade de auto-conhecimento. O homem encarregava-se de seu destino; tinha que achar seu próprio caminho para a salvação.

Alguns gnósticos – provavelmente a maioria – admitiam uma divindade que era tanto masculina quanto feminina. Quase todos negavam a ressurreição física de Jesus; alguns ensinavam que Jesus não morrera na cruz, ao invés disto, argumentavam que outro assumira o seu lugar. A idéia de mediadores para a salvação também era rejeitada; alcançar ou relacionar-se com a divindade era um ato estritamente pessoal e prescindia da necessidade de Cristo ou a Igreja . O gnosticismo em suas variadas manifestações geralmente era – e é – hostil ao cristianismo histórico. Os apóstolos o combatiam (principalmente João); seus discípulos também o fizeram. Ireneu, pai da igreja, escreveu no século II o livro Contra Heresias, no qual desmascarou os ensinos gnósticos e apresentou irrefutáveis razões para que os cristãos os considerassem hereges.

Diante desta rápida retrospectiva histórica, concluímos que os ensinamentos trazidos por Dan Brown em sua obra não possuem nada de “novo” ou “secreto.” Na verdade, o único fato novo é o fascínio desta geração pelos textos de Nag Hammadi. O velho inimigo jamais morrera; suas investidas persistiram ao longo de toda a história; sua vil filosofia misturou-se a outras para assegurar sua sobrevivência e agora volta a ameaçar seriamente a fé simples de milhões de piedosos cristãos no mundo. Estamos diante de um desafio; o confronto se repete; devemos urgentemente, “batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 3). Será que estamos preparados para lutar até o fim – como os apóstolos e os pais da igreja o fizeram ?

A Bíblia gnóstica tem cinqüenta livros e a autoria destes textos tem sido calorosamente debatida. Há, todavia, um consenso: seus autores, definitivamente, não são aqueles que constam de seu título. Assim, nem Filipe, nem Tomé (ou Tomás), ou mesmo Maria de Magdala teriam escrito tais obras. E o motivo é muito simples: os textos mais antigos datam de 150 d.C. – isto é, muito tempo após a morte dos discípulos acima mencionados. Seus nomes foram utilizados apenas com a finalidade de conquistar credibilidade entre os crentes do segundo século. Outrossim, as idéias ali defendidas contrastam e divergem das Escrituras Canônicas, caracterizando-se por um conteúdo polêmico e pagão.

JESUS, MARIA MADALENA E O SANTO GRAAL

Jesus Cristo foi casado? Quem foi – de fato – Maria Madalena? Qual foi seu papel? Qual terá sido sua relação com o Salvador? E quanto ao Santo Graal? Tal relíquia existe realmente? Qual é a sua relação com a história de Jesus?

O romance de Dan Brown deve seu título a um dos maiores gênios que a humanidade já conheceu. Leonardo Da Vinci era um filho bastardo e nasceu no vilarejo de Vinci, a trinta quilômetros de Florença – berço do renascimento italiano – em 15/04/1452. Além de pintor, Leonardo foi filósofo e cientista. Ainda moço e bastante talentoso foi levado a Florença, onde se tornou aprendiz de um dos mestres pintores. Seguiu depois para Milão – sob os auspícios do duque Ludovico – de quem recebera a incumbência de pintar, em 1495, A Última Ceia – O quadro decoraria o refeitório do mosteiro dominicano de Santa Maria da Graça.

O romance menciona que, entre os anos de 1510 e 1519 – ano de sua morte – Leonardo presidira uma misteriosa sociedade secreta, conhecida como Priorado de Sião, associada à famosa Ordem dos Cavaleiros Templários. Segundo Brown, o Priorado e Da Vinci “sabiam” que Jesus não era Deus e sim, mero homem; casado com Maria Madalena e desejoso de estabelecê-la como líder da Igreja – o que não teria sido possível, devido à resistência de Pedro.

Estas informações teriam sido codificadas na propalada tela do pintor, que retrata Jesus e seus doze discípulos à mesa, durante a última páscoa do Salvador – no exato momento em que celebrava a Santa Ceia. Posicionado no centro do quadro, o Cristo tem à sua direita, uma figura tradicionalmente identificada como o apóstolo João e que, no entanto, carrega traços aparentemente femininos e mantém sua mão estranhamente próxima a do messias, como a tocá-la. As roupas utilizadas por ambos possuem a mesma cor e padrão; a distância entre eles parece sugerir um “V” e, ao mesmo tempo um “M.” Segundo Dan Brown, João era na verdade, Maria Madalena e, por isso estariam “de mãos dadas.” As roupas os identificariam como um casal, e as “letras” sugeridas pelas posições assumidas, apontariam para uma espécie de “sagrado feminino”, representado pelo “V”, e “matrimônio” ou “Madalena”, sinalizado pelo “M” imaginário. O graal (cálice da Ceia) é interpretado pelos personagens do livro como a própria Maria Madalena., já que esta, segundo o autor, traria em seu ventre, uma filha do próprio Jesus, a qual, após a crucificação teria imigrado para Gália na companhia de sua mãe, onde teriam fundado a dinastia dos merovíngios. Sophie Neveu, a criptógrafa francesa seria uma integrante desta linhagem sagrada. Ela e Robert Langdon são os protagonistas do romance.

A procura pelo Graal (os ossos de Maria Madalena), desperta a fúria da Opus Dei – uma prelatura da Igreja Católica, extremamente conservadora e fiel aos propósitos do Vaticano. No livro, a organização é uma feroz antagonista do Priorado, disposta a impedir a divulgação da “farsa cristã” a qualquer custo. Sophie e Langdon são inquisitorialmente perseguidos enquanto investigam a “História do Cristianismo.” Eles são apresentados a um especialista no assunto, Sir Leigh Teabing, um personagem arguto e detentor de um amplo conhecimento dos Evangelhos Gnósticos, os quais cita com propriedade e freqüência.

O TRIUNFO DA VERDADE

“Disse-lhe pois Pilatos: Logo tu és rei ? Jesus respondeu : Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, afim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz. Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade? E, dizendo isto, tornou a ir ter com os judeus, e disse-lhes: Não acho nele crime algum.”
(Jo. 18:37,38 – ARC)

Diante das perigosas e envolventes alegações de O Código Da Vinci, muitas pessoas sinceras já disseram (ou pensaram): Será verdade ? Estamos num país católico, o maior país católico do mundo. A maioria de nós conheceu a história de Jesus Cristo ainda na infância.

A Teoria da Obra de Brown não é dele. No princípio da década de oitenta, o mercado editorial viu o surgimento de uma obra bastante polêmica. O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, lançado pela Editora Fronteira, não obteve o sucesso de O Código, mas gerou inúmeras controvérsias. A teoria é a mesma; a diferença reside no estilo em que ela foi – e vem sendo – divulgada. Dan Brown criou uma novela, com um enredo dinâmico e entretenedor e, através dela, ressuscitou o gnosticismo. No passado, os apóstolos e os pais da Igreja combateram-no incansavelmente, e agora, é a vez da Igreja Contemporânea levantar-se e rechaçar suas doutrinas espúrias.

O Código Da Vinci é uma ficção com pretensões históricas. Seus personagens, sobretudo, Sir Teabing, parecem paladinos da verdade. Vamos, doravante examinar as fontes desta “verdade”, estudando e refutando algumas das mais sérias afirmações do romance:

1. Jesus nunca se declarou Divino. Sua divindade foi “criada” pelo Imperador Constantino, no século IV, durante o Concílio de Nicéia.

O Imperador Constantino converteu-se em 312 d.C. Um renomado escritor cristão da antigüidade, Eusébio de Cesaréia, foi historiador e confidente de Constantino. Ele declara que o Imperador orava a um deus pagão durante um cerco que suas tropas impunham a Roma, durante o reinado de Maxêncio., quando foi surpreendido com a visão de uma cruz, iluminada e situada acima do Sol. Sobre ela havia uma inscrição em Constantino lera : “Com este sinal vencerás!” Mais tarde, em sonho, o rei declarou ter visto o Cristo de Deus e que este lhe ordenara o uso daquele símbolo. No dia seguinte, em obediência à visão, Constantino adotou o emblema, atravessou a ponte Mílvio – onde suas tropas encontravam-se estacionadas até aquele dia – invadiu Roma e depôs Maxêncio. Posteriormente, promulgou o Edito de Milão, decretando que os cristãos não mais poderiam sofrer perseguição.Após isso, como Imperador, assumiu a liderança nas disputas doutrinárias que ameaçavam a unidade do Império.

O Concílio de Nicéia – atual Iznik, na Turquia, a cerca de 200 km de Istambul – ocorreu no ano de 325 d.C.. Mais de 300 bispos compareceram, às expensas do Império, para discutir, justamente a divindade de Cristo, posta em dúvida por um certo Ário – bispo de Alexandria. Ário e suas controvérsias arrebanharam muitos seguidores e perturbaram o Império, já que a discussão Cristológica extrapolou os círculos eclesiásticos e ganhou as ruas, isto é, todo o povo, a todo o momento parecia enleado por esse debate. A questão não suportava maior protelação e os ministros reuniram-se sob o comando de Constantino que, apesar de teologicamente leigo, era a maior autoridade política e, naqueles tempos, Igreja e Estado associaram-se.

Embora Ário fosse um grande orador e houvesse conquistado o apreço e o respeito de muitos, sua defesa foi insatisfatória e a Assembléia declarou-o herege. Os delegados entenderam que, se Cristo não era Deus, não podia redimir a humanidade. Além do que o Novo Testamento, cujo conteúdo já era bastante conhecido pelos cristãos, afirmava peremptoriamente a Divindade de Jesus. O Senhor Jesus não era uma mera criatura; era ( e é ) Criador:

“Pois nele foram criadas todas as coisas nos Céus e na Terra, as visíveis e invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades ; todas as coisas foram feitas por ele e para ele.” (Col. 1:16 – ARA)

Muitas outras passagens, anteriores ao século quarto foram citadas, tais como Jo.1.1; Rm 9:5 ; Hb. 1:8, etc. João, Paulo e o escritor da epístola aos Hebreus, bem como todo o restante do Novo Testamento, pertencem ao século primeiro. O último a escrever foi João, em cerca de 90 d.C. ; e, mesmo os Evangelhos canônicos (Mateus, Marcos, Lucas e João), que defendem a divindade de Jesus já haviam sido concluídos, circulavam e gozavam de prestígio nas diferentes comunidades cristãs bíblicas daqueles tempos.

Muito poderia ser dito aqui; existem diversas evidências históricas que aprofundariam nosso conhecimento sobre a História da Igreja. Porém, devemos prosseguir, asseverando que, embora Constantino se achasse presente, ele não era clérigo, estudioso ou mesmo teólogo. Sua presença tinha grande importância política e nada além disto. Apenas os bispos debateram a questão, confrontaram e venceram Ário e ratificaram uma verdade reconhecida e pregada, já naqueles dias, havia mais de dois séculos. Portanto, dizer que Constantino promoveu Jesus à divindade, com propósitos políticos reflete total desprezo à história e revela desonestidade na aquilatação de suas evidências. A divindade de Cristo era notória e inegável. Como resultado, o Concílio promulgou seu famoso credo.

O Testemunho dos Pais da Igreja

• Inácio, bispo de Antioquia, em 110 d.C. – duzentos anos antes do Concílio – chamava Jesus de “Deus Encarnado ” Foi martirizado em 110 d.C.
• Policarpo, discípulo do apóstolo João, escreveu a Filipos entre os anos de 112 e 118. Sua carta pressupõe a divindade de Cristo. Foi martirizado em 160 d.C.
• Justino Mártir, nasceu na Palestina, em cerca de 100 d.C. e também partilhava a fé na divindade de Cristo. Foi martirizado em 165 d.C.
• Ireneu, Bispo de Lião – combateu o gnosticismo durante toda a sua vida. Também cria na divindade de Jesus. Cerca de 177 d.C.
• Tertuliano (150-212) : Grande expoente da Igreja antiga, também defendia a fé na divindade de Cristo.

Como podemos concluir, a doutrina da divindade de Cristo antecedeu – e muito – o Concílio de Nicéia. Qualquer cristão da antiguidade sabia desse fato. E, além disto é necessário atentar para a lista de mártires acima. São apenas alguns, dos incontáveis e destemidos irmãos que ofereceram sua vida por uma causa. Se soubessem que Jesus era mero homem… teriam coragem de morrer por isso ??

2. Teria Jesus se casado com Maria Madalena ?

Em O Código Da Vinci, a Opus Dei tenta encobrir o fato de que Jesus tinha uma família e filhos para proteger sua santidade. O romance sustenta a teoria do casamento sobre duas bases:

1) Não se casar seria anti-judeu

2) De acordo com os escritos gnósticos, Jesus beijou Maria na boca e os apóstolos tinham ciúme de sua relação com ela.

O primeiro argumento possui uma natureza cultural. Mas será que esse raciocínio é válido?
Embora reconheçamos que o casamento era uma regra para os judeus, também admitimos que, mesmo nesta regra, havia exceção. Em Guerra Judaica 2.8.2.121-22 , um texto de autoria de Flavio Josefo – grande historiador judeu, vemos :

“Os essênios rejeitavam os prazeres como um mal, mas apreciavam a continência e a vitória sobre os desejos como uma virtude. Recusavam a prisão do casamento, mas escolhiam filhos de outros, enquanto ainda flexíveis e próprios para os estudos, e os amavam como se fossem seus, e os instruíam de acordo com os seus costumes. Não condenavam totalmente o casamento e a sucessão da humanidade continuada por ele. Mas guardavam-se do comportamento lascivo das mulheres e acreditavam que nenhuma mulher pudesse ser fiel a um só homem.”

O texto que mencionamos refere-se aos essênios – grupo religioso judaico e de orientação asceta que habitava em comunidades fechadas como a de Qumran, no Mar Morto e dedicadas, exclusivamente à práticas religiosas – e demonstra que, mesmo na época de Jesus e, entre os judeus, praticava-se o celibato. Não obstante, vejamos um outro exemplo :

“Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o”

(Jesus, Mat. 19:12 – ARC)

Dessa vez é o próprio Jesus quem reconhece o celibato e o analisa como exceção: “…Quem pode receber isto, receba-o.” – Diz Ele. Não são todos; não se trata de uma obrigatoriedade.

“Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu. Mas se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se.”
(Paulo, 1 Cor. 7:8,9)

Este outro texto corrobora nossa posição. O casamento era desejável, mas não se tratava de uma única e inviolável alternativa para a vida social. O próprio apóstolo Paulo o encoraja e reconhece; sem, contudo, torná-lo obrigatório. Diante destas e outras (numerosas) evidências, concluímos que havia solteiros no tempo de Jesus e essa condição nem sempre era encarada de maneira desonrosa. Jesus desfrutava livremente desta condição sem que ela o incomodasse ou trouxesse qualquer prejuízo à sua vida social ou ao seu ministério. Não casar-se então, ao poderia – e jamais fora – antijudeu.

O segundo argumento utilizado pelo romance, encontra-se fundamentado nos chamados Evangelhos gnósticos. O que nos dizem estes textos? Podemos confiar neles?

“E a companheira de […] Maria Madalena. […amou] a ela mais que a [todos] os discípulos e [costumava] beijá-la [sempre] na […].”
(Evangelho de Filipe, 63:33-36)

Este é o texto comumente usado para comprovar a “intimidade” de que Jesus e Maria Madalena alegadamente desfrutavam. Os colchetes indicam lacunas no texto, pontos em que a leitura não é possível devido a estragos no manuscrito. Este “Evangelho” foi composto na segunda metade do século III, cerca de 200 anos após a época de Jesus. Ao contrário desse e de outros pseudo-evangelhos, os Evangelhos Canônicos são muito mais antigos, possuem autoria comprovada e autorizada, além de terem sido reconhecidos desde a aurora do Cristianismo.

CONCLUSÃO

Este opúsculo não possui a pretensão de esgotar tão vasto assunto. Sua função é prover um “primeiro passo” àqueles que ainda não se conscientizaram da grave ameaça que O Código Da Vinci representa para a Igreja de Jesus Cristo. Este romance obteve um sucesso espetacular e meteórico; o altíssimo número de 25 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo traduzem sua influência e leva-nos a avaliar sua periculosidade.

Em quase todo o mundo – sobretudo em países cristãos – seus leitores refletem sobre a possibilidade de uma conspiração deste vulto. O enredo foi engendrado de maneira envolvente e fascinante e contribui para a falência da fé e da esperança humana em Deus. Já temos uma nova edição ilustrada do Código para o deleite de seus fãs e, no ano vindouro (2006), teremos um filme sobre o assunto, estrelado por ninguém menos que Tom Hanks

Diante deste preocupante quadro, é necessário que nos mobilizemos e combatamos estas heresias, tal como os apóstolos e pais da Igreja o fizeram até sua morte. O gnosticismo vive! O antigo e mais furioso inimigo do Cristianismo sobreviveu aos séculos e agora pleiteia preeminência sobre a verdadeira fé; disputa corações e almeja destruir-lhes toda a sensibilidade. Dan Brown aprofunda-se no decadente charco de mentiras e dissimulações e manipula as mentes incautas, sorvendo-lhes o bom senso e minando-lhes o espírito crítico, ao levá-las à confusão e perplexidade.

Levantemo-nos e enfrentemos mais este desafio, pois é necessário, “…. batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.” (Jd. 3 – ARC)

BIBLIOGRAFIA

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Abanes, Richard. A Verdade Por Trás de O Código Da Vinci: uma resposta desafiadora à ficção mais vendida. Tradução de Thais Miremis Sanfelippo da Silva Amadio, São Paulo, Editora Celebris, 2005

Lutzer, Erwin W. A fraude do código Da Vinci: toda a verdade sobre a ficção do momento. Tradução de James Monteiro dos Reis, São Paulo, Editora Vida, 2004

Brown, Dan. O Código Da Vinci. Tradução de Celina Cavalcante Falk-Cook, Rio de Janeiro, Editora Sextante, 2004

Matias, Alexandre e Cunha, Vladimir. “O Segredo de Leonardo”. Superinteressante, Outubro 2004, p. 60-67, Abril Editora.

Arruda, José Jobson de Andrade. Silva, Francisco Alves e Turin, Eva. Coleção Objetivo – Sistema de Métodos de Aprendizagem, História Moderna e Contemporânea. Livro 36,
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O Código Da Vinci – Uma amostragem do Almanaque Pridie Kalendas. p.1-4. www.almanaque.cnt.br/codigodavinci/codigodavinci.htm

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