Ainda não era 10h naquela ensolarada terça-feira quando ouvi o toque da campainha. Ao abrir a porta, deparei-me com dois jovens, um era brasileiro e o outro americano, listavam bem vestidos, usando camisas brancas de mangas curtas e gravatas pretas, e cada um portava uma pequena mochila. Usavam também duas pequenas plaquetas de identificação postas sobre os seus respectivos bolsos. Eram os mórmons!
Ao convidá-los a entrar, um deles adiantou-se no diálogo perguntando-me se eu de fato era o “senhor José Gonçalves”. Após responder afirmativamente à sua indagação, fiquei curioso querendo saber como aquele jovem obtivera informação sobre a minha pessoa. Durante a nossa conversa, a minha curiosidade foi plenamente satisfeita.
Havia aproximadamente dois anos e meio que eu assumira na minha cidade uma congregação de uma igreja de confissão evangélica da qual sou membro. Ao implantar um sistema de evangelismo onde cada membro pôde exercer seus talentos, os resultados não demoraram a aparecer. Muitas vidas renderam-se aos pés do Senhor Jesus. Dentre os recém-conversos alguns pertenciam à Igreja Mórmon. Como era de se esperar, esse incidente provocou um grande incômodo na liderança mórmon local. Foi graças a esses acontecimentos que eu recebia naquela manhã aqueles simpáticos jovens.
Pois bem, após as cordiais apresentações, um dos jovens (o de nacionalidade brasileira) sugeriu-me a apresentação de um vídeo que teria a duração de 16 minutos sobre a doutrina mórmon. Falei-lhe que aceitaria assistir a exibição do vídeo proposto por ele desde que primeiramente eles me respondessem algumas perguntas que eu lhes faria sobre a doutrina mórmon. Justifiquei o meu pedido dizendo que havia alguns pontos na doutrina mórmon que eu achava confusos e contraditórios. Após uma olhadela de seu amigo brasileiro, o mórmon americano disse com seu peculiar sotaque: “Sem problemas!”
A única igreja verdadeira
“Vocês advogam a ideia de que todas as outras igrejas apostataram?”, perguntei. “Nós somos a igreja restaurada”, responderam. “Isso significa que vocês creem que são a única igreja verdadeira. como afirmou J. Reubén Clark Jr, um dos presidentes da Igreja Mórmon: Ele (o presidente da igreja mórmon) é único porta-voz de Deus na Terra para A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos dias, a única Igreja Verdadeira.”(1)
“Nós acreditamos que após a morte dos apóstolos a igreja apostatou…”, disseram, sobre o que observei: “Você quer dizer: abandonou a fé, vindo até mesmo a deixar de existir como igreja verdadeira?”
“Exatamente. Somente em 1830 o Evangelho Restaurado foi revelado a Joseph Smith”, responderam.
“Isso significa que por um período aproximadamente de quase 19 séculos a Igreja Cristã deixou de existir?”
“Exatamente”.
“Mas isso não seria contraditar as palavras do Senhor Jesus Cristo registradas no Evangelho de Mateus: “Edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Ml 16.18)”?”
Continuando o argumento, disse: “Isso não seria afirmar que Jesus se enganou ao profetizar sobre a existência eterna da Igreja? Explico melhor: de acordo com a Bíblia, nada prevaleceria contra a Igreja (Mt 16.I8), mas de acordo com a doutrina mórmon a Igreja foi vencida pela apostasia. Não é uma contradição? Jesus teria de fato se enganado ou mentido?”
Um deles se limitou a explicar: “Nós acreditamos que somos a Igreja Restaurada”. Nesse momento, observei que eles não queriam que a missão deles fosse abortada logo no início, pelo que resolvi continuar o nosso diálogo.
Deus não faz acepção de pessoas
Abrindo a Bíblia, li Atos dos Apóstolos 10.34-35: “Então, falou Pedro, dizendo: Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas, pelo contrário, em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável. Esta é a palavra que Deus enviou aos filhos de Israel, anunciando-lhes o evangelho da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos”.
Após a leitura, fiz algumas observações sobre o texto, destacando que os fatos narrados nesse capítulo aconteceram dentro da primeira metade do primeiro século da Era Cristã, e que os mesmos descreviam o desfecho de uma visão que o apóstolo Pedro tivera da parte de Deus. Naquela ocasião, foi revelado ao apóstolo que Deus não fazia acepção de pessoas, corrigindo assim a visão preconceituosa e exclusivista que os judeus mantinham em relação a outros povos.
Depois dessas ponderações, perguntei-lhes: “Vocês concordam com o texto, que o mesmo é claro em afirmar que ‘Deus não faz acepção de pessoas’?”
“Claro, muito claro”, responderam em coro. “Ora”, ponderei, “se a Bíblia diz que Deus não tem preconceito algum contra qualquer humano, então porque o mormonismo, que surgiu somente 1830 anos depois, excluiu do sacerdócio os negros?”
Com o propósito de tornar mais claro o meu raciocínio, pedi-lhes a atenção para a leitura de duas escrituras mórmons que corroboravam o que eu acabara de dizer. A primeira era de autoria de Brigham Young:
“Sabemos que há uma porção de habitantes da terra que moram na Ásia e que são negros, e dizem ser judeus. O sangue de Judá não somente tem-se misturado com quase todas as nações, mas também com o sangue de Caim, e eles mesclaram suas descendências; esses judeus negros podem guardar todas as ordenanças exteriores da religião judaica, podem ter seus sacrifícios, e podem realizar todas as cerimônias religiosas que qualquer povo sobre a terra poderia realizar, mas deixai-me dizer-vos que no dia em que eles consentiram em mesclar sua descendência com Canaã, o sacerdócio foi retirado de Judá, e aquela porção da descendência de Judá jamais receberá nenhuma ordem ou benção do sacerdócio até que Caim o receba. Deixai esta igreja que é chamada de o reino de Deus sobre a terra; nós juntaremos a primeira presidência, os doze, o supremo concílio, o bispado, e todos os anciãos de Israel”.
“Supondo que os juntemos aqui, e aqui declaremos que é correto misturar nossa descendência com a raça negra de Caim, que eles devem vir conosco e participar conosco de todas as bênçãos que Deus nos tem dado. Naquele mesmo dia e hora em que agirmos desse modo, o sacerdócio será retirado desta Igreja e reino, e Deus nos abandonará à nossa sorte. No momento em que consentirmos em nos mesclar com a descendência de Caim, a Igreja deve ir para a destruição – deveremos receber a maldição que foi colocada sobre a descendência de Caim, e nunca mais seremos enumerados entre os filhos de Adão que são herdeiros do sacerdócio, até que essa maldição seja removida” (Brigham Young Addresses, Sermões de Brigham Young. 5 de fevereiro de 1852).(2)
Apos citar Brigham Young, segundo presidente tia Igreja Mórmon, achei oportuno citar a opinião de mais um apóstolo mórmon, Joseph Fielding Smith, ditas em 1958: “O Senhor decretou que os filhos de Caim não deveriam ter o privilégio de participar do sacerdócio até que Abel tivesse uma posteridade que alcançasse o sacerdócio, e isso teria de ser no futuro distante. Quando isso for realizado em algum outro mundo, então as restrições serão removidas dos filhos de Caim” (Joseph Fielding Smith, Answers do Gospel Questions. vol. 2, pag. 188).(3)
Citando as palavras dessas duas autoridades mórmons, disse-lhes que estava certo que eles estavam conscientes da “nova revelação” que os apóstolos mórmons haviam recebido em 1978. Esta nova resolução agora incluía os negros no exercício do sacerdócio. Concordando comigo, um deles abriu a sua mochila retirando a citada resolução, lendo-a em seguida. O seu texto, salvo algumas variantes, era exatamente igual ao que eu dispunha:
“Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias – Escritório da Primeira Presidência Salt Lake City, Utah 84150 -8 de junho de 1978″
“A Todos os Oficiais Gerais e locais do Sacerdócio da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”
“Queridos irmãos, ao testemunharmos a expansão da obra do Senhor por sobre a terra, estamos gratos por pessoas de muitas nações terem respondido à mensagem do evangelho restaurado, e terem-se unido à Igreja em número sempre crescente. Isto, por sua vez, inspirou-nos o desejo de estender a todo membro digno da Igreja todos os privilégios e bênçãos que o evangelho proporciona.”
“Cientes das promessas feitas pelos profetas e presidentes da Igreja que nos precederam, de que em algum tempo, no plano eterno de Deus, todos os nossos irmãos que sejam homens dignos poderiam receber o sacerdócio, e testemunhando a fidelidade daqueles a quem o sacerdócio tem sido negado, temos rogado de longa data e sinceramente em favor destes, nossos irmãos fiéis, passando muitas horas na Sala Superior do Templo suplicando ao Senhor por orientação divina.”
“Ele ouviu nossas orações, e por revelação confirmou que o dia, há tempos prometido: chegou, em que todo homem digno e fiel à Igreja poderá receber o santo sacerdócio, com o poder de exercitar sua autoridade divina, e desfrutar com seus entes queridos cada bênção daí proveniente, inclusive as bênçãos do templo. Consequentemente, todos os membros dignos da Igreja do sexo masculino podem ser ordenados ao sacerdócio, sem consideração quanto à raça ou cor. Os líderes do sacerdócio são instruídos a seguir a política de entrevistar cuidadosamente todos os candidatos à ordenação tanto ao Sacerdócio Aarônico quanto ao de Melquisedeque, a fim de assegurar-se de que eles correspondam aos padrões estabelecidos para a dignidade.”
“Declaramos com sobriedade que o Senhor fez agora conhecida a sua vontade quanto à benção de todos os Seus filhos em toda a terra que ouvirem à voz de Seus servos autorizados, e se prepararam para receber todas as bênçãos do evangelho”(4)
Pensamentos confusos e contraditórios
Tendo sido feitas essas citações, achei por bem voltar a perguntar: “Os senhores não acham que parece haver uma confusão aqui? Explico: primeiro, é dito que os negros são descendentes de Caim (ainda não sei como se chegou a essa conclusão) e que por isso não poderiam exercer o sacerdócio. Segundo, é dito que chegou o tempo em que todo homem digno e fiel à Igreja poderá receber o santo sacerdócio. Ora, mas não já havia sido dito que os negros só poderiam exercer o sacerdócio no outro mundo ou ainda que no dia em que isso ocorresse a Igreja dos Santos dos Últimos Dias teria apostatado da fé e estaria sob maldição? Não há uma confusão aqui? Os atuais mórmons não estariam sob maldição? Toda essa confusão não teria sido evitada se os mórmons tivessem aceitado o que a Bíblia já havia dito há séculos, isto é, que Deus não faz acepção de pessoas (At 10.3-1-35) e que todo crente, não somente uma classe privilegiada, é um sacerdote (1Pe 2.9)?”
Nesse momento, vi a dificuldade dos dois jovens em chegar a um raciocínio lógico. Mas assim mesmo um deles arriscou: “Isso é uma revelação e a revelação está acima da razão”. Ponderei: “A revelação pode estar acima da razão, mas ela não pode ser irracional, confusa e contraditória dessa forma. E mais: a revelação não anula a razão. Somos seres racionais e não podemos viver sem o pleno exercício de nossa razão”. Depois, adiantei: “Você não acha que tudo isso parece transformar Deus em um ser tremendamente estúpido? Primeiro Deus diz na Bíblia que não faz acepção de pessoas (At 10.34-35), depois vem os apóstolos mórmons dizendo que Deus, sim, faz acepção de pessoas, mas recentemente é desfeito tudo. Ou seja, agora Deus não faz mais acepção de pessoas, Ele arrependeu-se e já aceita os negros de volta! Isso se parece com uma revelação divina? Isso não se parece com algo irracional?”
Um deus corpóreo e limitado
Depois de ouvir uma resposta evasiva, achei por bem avançar no diálogo. “Estou certo de que o deus mórmon não é o mesmo Deus da Bíblia”, disse, ao que indagou-me um dos jovens: “Como assim?”
Expliquei-lhes: “O deus mórmon, além de ser inconstante em seus princípios (já foi racista por um tempo, depois mudou de ideia), possui também um corpo físico e não é onipresente, isto é, está limitado pelo tempo e pelo espaço”.
São palavras de Brigham Young: “Não podemos crer, por um momento sequer, que Deus não possua um corpo, partes, paixões ou atributos (…) Algumas pessoas gostariam de fazer-nos crer que Deus está presente em toda parte. Isso não é verdade.”(5)
E ainda: “Se o véu se rompesse: hoje, e o grande Deus que mantém este mundo em sua órbita, e que sustenta todos os mundos e todas as coisas por Seu poder, se fizesse visível – digo, se vós pudésseis vislumbrá-lo hoje, vê-lo-íeis em forma de homem (Ensinamentos do Profeta Josepb Smith. pág. 336). Deus é um homem glorificado e perfeito, um personagem de carne e osso. Dentro de seu corpo tangível existe um espírito.”(6)
De acordo com essas palavras, o deus mórmon possui um corpo físico.
No entanto, o Deus da Bíblia é espírito. São palavras de Jesus Cristo: “Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.24). E ainda, segundo o próprio Cristo, um “um espírito não tem carne nem ossos” (Lc 24.39).
É de se observar que o Deus da Bíblia não pode ser limitado nem pelo tempo nem pelo espaço: “Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás: se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a lua destra me susterá. Se eu digo: as trevas, com efeito, me encobrirão, a luz ao redor de mim se fará noite, até as próprias trevas não te serão escuras: as trevas e a luz são a mesma coisa”, SI 139 7-13.
A doutrina do casamento eterno e a Bíblia
Enquanto ainda argumentava sobre o que é realmente a doutrina mórmon e como ela é vista à luz da Bíblia, lembrei daquilo que um dos recentes casais mórmons convertidos à fé evangélica havia me falado sobre o casamento “eterno”. Aquele casal havia alimentado a esperança de casarem-se no Templo Mórmon.
Dirigi-me novamente aos dois missionários. “Foi o apóstolo mórmon Joseph F. Smith quem disse: ‘Os santos dos últimos dias se casam para esta vida e para a eternidade, não apenas até que a morte separe o marido e a mulher’?(7) Estão certas essas palavras? O casamento é eterno?”, indaguei.
“Sim”, responderam sem titubearem.
“Como então se explica as palavras de Jesus em Lucas 20.27-36: Chegando alguns dos saduceus, homens que dizem não haver ressurreição, perguntaram-lhe: Mestre, Moisés nos deixou escrito que, se morrer o irmão de alguém, sendo aquele casado e não deixando filhos, seu irmão deve casar com a viúva e suscitar descendência ao falecido. Ora. havia sete irmãos: o primeiro casou e morreu sem filhos; o segundo e o terceiro lambem desposaram a viúva; igualmente os sete não tiveram filhos e morreram. Por fim, morreu também a mulher. Esta mulher, pois, no dia da ressurreição, de qual deles será esposa? Porque os sete a desposaram. Então, lhes acrescentou Jesus: Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento; mas os que são havidos por dignos de alcançar a era vindoura e a ressurreição dentre os mortos não casam, nem se dão em casamento. Pois não podem mais morrer, porque são iguais aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição”.
Após a leitura, disse-lhes: “O texto não é claro em dizer que na eternidade não há casamentos?” Um deles argumentou: “Isso na ressurreição!”. Respondi: “Mas o texto se refere à ‘Era Vindoura’, em referência à eternidade, além do fato de dizer que seremos como os anjos”. Em seguida, arrematei: “Os anjos são sexuados, isto é, possuem sexo? Onde se fala na Bíblia do casamento dos anjos?”
A partir desse momento, observei que os dois jovens já não demonstravam grande entusiasmo com o nosso diálogo. Assim mesmo, decidi continuar a minha sessão de perguntas esperando que ao final de tudo obtivesse uma resposta.
A doutrina mórmon da poligamia
Lembrei ainda aos jovens discípulos de Joseph Smith que a poligamia, embora não seja mais praticada hoje pela principal corrente do mormonismo, em tempos passados foi uma das suas principais práticas. Em um sermão pregado na cidade de Salt Lake City, no Estado de Utah, em 6 de abril de 1857, o apóstolo mórmon Heber C Kimball pregou, dizendo:
“Eu não teria receio de prometer a um homem de sessenta anos de idade que, se ele seguir o conselho do irmão Brigham (8) e de seus irmãos [de adotar a poligamia], ele renovará a sua idade. Tenho percebido que um homem que só tem uma esposa, e está inclinado a seguir aquela doutrina, logo começa a definhar e a ressecar-se, enquanto que um homem que adota a pluralidade [de esposas] parece novo, jovem e com vivacidade. Por que isto e assim? Porque Deus ama esse homem, e porque ele honra a sua obra e a sua palavra. Talvez alguns de vocês não creiam nisso, mas eu não só creio nisso como tenho também conhecimento de causa. Pois não é bom negócio um homem de Deus ser confinado a uma mulher, pois com dificuldades nos mantemos sob os fardos que temos de carregar, e não sei o que faríamos se tivéssemos apenas uma esposa cada um”.(9)
Estas palavras se chocam com aquilo que preceitua o Novo Testamento acerca do casamento, pois o texto bíblico é claro quando diz que o homem deve ser “marido de uma só mulher” (1Tm 6.12 e Tt 1.6). A monogamia era uma prática neotestamentária, então porque tentar ressuscitar a poligamia, que é uma prática pagã?
“Mas a própria Bíblia ensina essa prática no Velho Testamento”, argumentou um deles.
“ Mas não foi o próprio Cristo quem disse, quando falou do casamento, que ‘o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher’ (Mt 19.4)? No Velho Testamento, alguns homens de fato praticaram a poligamia, mas essa prática jamais foi aprovada por Deus, nem tampouco é ensinada como doutrina nas páginas sagradas. Pelo contrário, a Bíblia proibia a prática pluralista de esposas. ‘Tampouco para si multiplicará mulheres’ (Dt 17.17)”.
Continuando o raciocínio, falei: “Aqui se repete o mesmo ciclo doutrinário que aconteceu em relação ao sacerdócio dos negros: 1) O homem deve ser marido de uma só mulher (Novo Testamento); 2) O homem deve ter várias mulheres (doutrina mórmon após 1830); 3) O homem agora deve ter somente uma mulher (doutrina mórmon a partir de 1890).” (10) Já que a doutrina mórmon adota o cânon aberto, isto é, tem um sistema de revelação contínua, quem garante que amanhã você não vai chegar aqui me dizendo que um apóstolo mórmon teve uma ‘nova revelação’ e que agora Deus voltou atrás e aceita a poligamia novamente?”
Para que o diálogo não se transformasse em um monólogo, arrematei: “Embora Brigham Young, segundo apostolo mórmon, tenha dito que ‘não existe conflito algum entre os princípios revelados na Bíblia, no livro de Mórmon e em Doutrinas e Convênios’,(11) a verdade, como pôde ser demonstrada, é outra completamente diferente. A Bíblia é a inspirada Palavra de Deus (2Tm 3.16), o livro de Mórmon é um outro Evangelho (Gl 1.9)”.
Nosso dialogo estava encerrado!
JOSÉ GONÇALVES DA C. GOMES
NOTAS
1 AROLD B. Lee. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja. Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. p.81.
2 GEER, Thelma. Por que Abandonei o Mormonismo?. Editora Vida, São Paulo.
3 GEER, Thelma. Ibid.
4 GEER, Thelma. Idem
5 BRIGHAM, Young. Ensinamentos do presidente da Igreja. Igreja dos Santos dos Últimos Dias, São Paulo, SP, 1997, p.29.
6 Princípios do Evangelho. Igreja dos Santos dos Últimos Dias, 1995, p.9.
7 SMITH, Joseph F. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja. Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1998, p.177.
8 Brigham Young, apóstolo mórmon, de acordo com O Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo teve 20 esposas e 47 filhos.
9 KIMBALL, Heber Journal of Discourses. Vol 5, p.22. citado no livro Por que Abandonei o Mormonismo.
10 Por uma questão de conveniência (os mórmons queriam que seu território se transformasse em Estado) e pressão social, o presidente mórmon Wilford Woodruff aboliu essa prática bizarra. Todavia uma outra facção mórmon (como mostrou recentemente o Fantástico da Rede Globo de Televisão) continua com essa prática
11 YOUNG. Brigham. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja. Igreja dos Santos dos Últimos Dias, p.l 20.
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FONTE: REVISTA RESPOSTA FIEL – ANO 4 – N°13