Tenho ouvido falar de “mundanismo” em algumas Igrejas evangélicas. Gostaria de saber o significado do termo à luz da Bíblia e se tem alguma coisa a ver com o cristão.
Mundanismo deriva do vocábulo mundo, palavra que, como se sabe, pode referir-se a inúmeras coisas como; espécie humana (João 3:16). ondem ou sistema mundial (I João 2.15-17; 3:13: João 7:7; 8:23. Ap 13.8), Terra ou Universo. (Ap. 13:8; At 17:24)
O presente e sistema mundial de coisas, mau do ponto de vista da ética cristã, e dirigido por Satanás mediante os seus princípios cósmicos de egocentrismo, ambição desmedida, orgulho e prazer (João 12:31; 14 30. Ef 2:2. I João 2:15. .17; I João 5:19).
Mundo, na acepção de “ordem ou sistema mundial” e de acordo com o texto bíblico de I João 2:15-17, abrange três esferas da vida humana a) gozar as coisas (concupiscência da cume), b) adquirir coisas (concupiscência dos olhos), e c) fazer coisas (soberba da vida)
No aspecto espiritual, mundo é a esfera de influência negativas que nos envolvem e pressionam, prejudicando a nossa fé, embotando a nossa sensibilidade espiritual, enfraquecendo a nossa visão de Deus, desviando-nos do alvo da vontade divina. Por isso somos exortados pela Palavra do Senhor a não amar o mundo (I João 2:15), nem a conformarmo-nos com o mesmo (Rom. 12:2).
O mundo — sejam ideias, princípios ou costumes— pede levar-nos ao materialismo, ao secularismo ou ao mundanismo propriamente dito com todas as suas vaidades, diversões ilícitas, modas imorais, extravagantes ou contrárias aos ensinos específicos das Escrituras.
Alguém disse que, mundo é a ordem do coisas que nos cerca, ou esse espirito que em nós é cego para o valor e a realidade das coisas espirituais. O mundano é governado pelos desejos de carne, ou pelas maneiras e costumes que o cercam, e recusa reconhecer o direto que Deus tem de governar. É claro, então, que o procedimento do mundo e seus objetivos estão fundamentalmente em desacordo com o caráter de Deus e Sua vontade revelada respeitante aos Seus filhos. Há duas amizades, a de Deus e a do mundo, as quais são incompatíveis e irreconciliáveis.
Importa que o crente seja simples, modesto, equilibrado e, sobretudo, espiritual. Em tudo precisa de moderação, amor, respeito para com a consciência de outrem. Nas palavras e atos ele deverá ter em conta a comunidade espiritual a que pertence (igreja local), pugnando pela unidade na doutrina, nos sentimentos, no serviço, nos objetivos.
O cristão deve ser nova criatura (II Cor. 5:17), vivendo em novidade de vida (Rom 6:1-4), pensando nas coisas de Cima (Col. 3:1-3). atuando como Sal e luz (Mt 5.13-16), e não mundano, uma vez que tal coisa implica infidelidade espiritual. (Tiago 4:45).
Os discípulos do Cristo, que se inspiram no exemplo do divino Mestre, que pautam suas vidas pelas Escrituras Sagradas, devem evitar os extremos do legalismo e do permissismo. Ainda que tal coisa não seja muito fácil. Deus pode ajudar-nos se estivermos dispostos a andar perto dEle, vivendo para Sua glória.
Cremos ter demonstrado que o problema do mundanismo tem a ver, efetivamente, com o cristão.
Concluímos estas linhas com as palavras do apóstolo Paulo consignadas na sua epístola aos Romanos 12.2, na versão de J B Phillips: “Que o mundo que nos rodeia não vos comprima nos seus próprios moldes, mas deixai reformar a vossa mente, de maneira a poderdes experimentar na prática como é benéfico o plano de Deus no que vos diz respeito, como satisfaz todas as exigências e como encaminha para a meta da verdadeira perfeição”.
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REVISTA NOVAS DE ALEGRIA – 1980